MOBILIZAÇÃO RELÂMPAGO ESTÁ SENDO
PLANEJADA PARA A BIENAL DE SP
Uma mobilização relâmpago está sendo planejada para ocorrer durante a 21ª Bienal de São Paulo e começa a tomar cada vez mais corpo via Twitter e Facebook
Iniciada no dia 02/08, através das redes sociais Twitter e Facebook, uma mobilização relâmpago (denominação conhecida mundialmente por Flash Mob) começa a adquirir a cada dia mais adeptos, além de apoio de veículos de mídia cultural. Essa mobilização objetiva mostrar aos visitantes da 21ª Bienal de São Paulo, às 15 horas do dia 14/08, como é que as pessoas leem? Respondendo a essa pergunta, por meio de uma ação estática e pacífica, os organizadores - os escritores Claudio Parreira, Homero Gomes e Mauro Siqueira - pretendem chamar "a atenção para a importância da leitura e não apenas da compra de livros" em um dos principais eventos do mercado editorial brasileiro.
Esse flash mob estático que será realizado a partir do corredor H, do pavilhão do Anhembi, terá um formato simples e, diferente de muitos que já foram realizados pelo mundo. Não demanda grande organização, pois não possui coreografia. Seus organizadores afirmam que os participantes não precisam se preocupar, ninguém vai precisar dançar, nem inventar dança, apenas escolher uma posição interessante para ficar imóvel por alguns minutos. Tudo começará com um sinal único de apito, depois as pessoas que participarem dessa manifestação pública, deverão pegar um livro e ficar imóveis em posição de leitura - seja sentados no chão, de pé, ajoelhados ou até deitados, “vai da criatividade e da vontade de aparecer de cada um”, orienta Homero Gomes, escritor curitibano e idealizador do evento. Após um sinal duplo de apito a mobilização deverá encerrar e os participantes devem dispersar como se nada houvesse acontecido.
Os organizadores sabem que ainda há muito para ser feito para que essa intervenção pública chamar a atenção do grande público que é esperado na 21ª Bienal de São Paulo, mas como todo flash mob, essa mobilização é essencialmente uma criação coletiva, descentralizada, que se espalha viralmente em prol de um único objetivo, nesse caso: a leitura. Por isso, os organizadores acreditam que "a mobilização terá repercussão positiva, abrindo um espaço maior ao debate de ideias em torna do leitura no país", prevê Homero Gomes.
Querendo saber mais, digite #flashmobule ou #bienalSP no “search” do Twitter ou procure por informações junto aos organizadores. Se, por acaso, você não puder estar na Bienal nesse dia, ajude na divulgação dessa ação para quem você conhece. A prática da leitura no país agradece.
Características da mobilização:
Local – pavilhão do Anhembi, com núcleo no corredor H.
Horário de início – 15 horas.
Sinal para ação – um toque de apito dado pelos 3 organizadores: Cláudio Parreira, Homero Gomes e Mauro Siqueira.
Duração – pelo menos 2 minutos, até o toque duplo dos apitos, que indicará o fim da ação.
Ação – após sinal, ficar imóvel em posição de leitura (a escolher).
Encerramento – depois do sinal duplo dos apitos, dispersar com se nada tivesse acontecido.
Serviço:
Organização – Claudio Parreira, Homero Gomes e Mauro Siqueira.
Apoio
O Bule [ www.o-bule.blogspot.com ]
Substantivo Plural [ www.substantivoplural.com.br ]
Zunái [ http://revistazunai.com/blog ]
Página Cultural [ http://paginacultural.com.br ]
Germina [ www.germinaliteratura.com.br ]
Livros e Afins [ http://debolso.livroseafins.com ]
O Mundo Circundante [ http://omundocircundante.blogspot.com ]
Contatos – pelo Twitter: @ClaudioParreira, @sisifodesatento e @maurovss. Pelo Facebook: Claudio Parreira, Homero Gomes, Mauro Siqueira e do blogue O Bule.
MUSA FRAGMENTADA
Por Henrique Marques-Samyn
O desaparecimento precoce de Carlos Pena Filho − poeta recifense falecido aos 31 anos, vítima de um acidente automobilístico − não o impediu de ocupar um lugar de destaque nas boas antologias e revisões críticas da poesia brasileira. Como ocorre no caso dos melhores poetas, se a breve trajetória de Carlos Pena Filho determinou a relativa escassez de sua produção, disso resultou não a sua desqualificação como insuficiente, mas indagações sobre as possíveis conquistas estéticas do poeta, caso lograsse viver mais tempo − algo sobretudo perceptível quando se considera que, ao longo de pouco mais de uma década dedicada à criação literária, de seu estro nasceram os poemas de Nordesterro e os seus justamente celebrados sonetos.
É sobre essa valiosa produção literária que se debruça o escritor e ensaísta Luiz Carlos Monteiro em Musa fragmentada: a poética de Carlos Pena Filho (Editora Universitária da UFPE, 2009). Numa análise atenta e vigorosa, Luiz Carlos Monteiro apresenta uma leitura instigante que evidencia, nos escritos de Carlos Pena, vertentes que dialeticamente se conjugam para a produção de uma obra poética de indiscutível valor: de um lado, o lirismo subjetivista; de outro, a poesia de cunho regionalista, comprometida com as demandas sociais. Considerando as particularidades dessa produção em seu âmbito cultural, historicamente circunscrito, observa o autor: "A multiplicidade diccional e as modulações estéticas e expressionais que caracterizam a poesia de Carlos Pena Filho repartem-se entre o funcionalismo artesanal herdado da geração de 45 e uma tendência visivelmente romântica, por sua vez subdividida entre o lirismo mais emocionado e subjetivo e os poemas de vertente social e popular"; não obstante, como lucidamente pondera Luiz Carlos Monteiro, o que se percebe é "o percurso exigente de uma poesia que sempre buscou, da adolescência à morte prematura, as melhores soluções e definições acompanhadas dos mais convincentes resultados estéticos".
Algo que deve ser mencionado, por seu inegável mérito, é a clareza da argumentação do autor, a ausência de pedantismos e a postura invariavelmente crítica, algo digno de nota principalmente por ter sido concebida a obra como dissertação de mestrado, na Universidade Federal de Pernambuco, sob a orientação de Lourival Holanda − que, certamente não por acaso, foi também o orientador de trabalhos de outros poetas e acadêmicos, como José Rodrigues de Paiva e Carlos Newton Júnior. Note-se também que, não se limitando a reiterar juízos de terceiros, Luiz Carlos Monteiro apresenta suas próprias leituras e interpretações, o que envolve boa dose de risco; parece-nos, a propósito, especialmente discutível a leitura do soneto "Retorno" como "descrição da prática sexual solitária", por conta de imagens como "mãos de sonho se afogando" e "o vento nas palmeiras toca flauta". Não obstante, reconheça-se a coragem de um pesquisador e ensaísta que, em vez de escudar-se atrás de opiniões alheias − prática tão corrente no meio universitário −, ousa falar por si mesmo, assim produzindo um estudo seminal sobre a obra de um dos grandes poetas contemporâneos brasileiros.
(In: http://marques-samyn.blogspot.com/)
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