domingo, 7 de março de 2010

Notas Cotidianas e Literárias XIV

FRIEZA E CRUELDADE DOS ASSASSINOS SÁDICOS

Um mundo subterrâneo e sombrio, esvaziado de vida sadia e extremamente violento é o dos assassinos sádicos. O acesso a um conjunto de relatos da prática nebulosa destes aficionados do crime pode ser feito através da publicação recente (2009) do livro Conduta cruel (no original, Sadistic killers), da escocesa Carol Anne Davis, pela editora Larousse, uma filial brasileira da francesa de mesmo nome. A escritora já tem uma dezena de trabalhos na área do chamado “crime realista”. É preciso que o leitor esteja disposto e preparado para enfrentar uma narrativa como esta, que quase sempre logra ultrapassar as fronteiras visíveis e familiares do cotidiano e da normalidade, ainda que caóticos, em que se transita. Nem todos terão coragem e estômago suficiente para chegar ao final, pois há situações que parecem não ter sido veiculadas por alguém tido comumente como humano.
A autora classifica os assassinos sádicos em três categorias: o sádico assassino (constitui a maioria e mata em série), o criminoso sádico (sequestra e causa dano a suas vitimas, mas geralmente não mata) e o sádico consensual (pratica modalidades de sadomasoquismo como a punição erótica consensual através de chicote e outros meios menos danosos). O levantamento de Carol Anne sobre os sádicos assassinos envolve principalmente três países, com dezenas de casos de tortura e assassinatos em série: Inglaterra, Estados Unidos e Austrália. Estatísticas indicam que os criminosos ostentam idade entre 20 e 30 anos e muitos fazem parte da classe trabalhadora.
Os assassinos sádicos não têm limites para a tremenda fúria que os excita sexualmente, e os seus dias são preenchidos pela obsessão da morte. As atividades diárias são exercidas normalmente – em algum momento de suas vidas trabalham, cuidam da família, transitam silenciosos e discretos, porém à espreita do momento de torturar, humilhar, esquartejar ou estrangular. O caso do sádico britânico Anthony Anderson, nascido em 1967, se diferencia por não ter motivações sexuais, e sim de vingança: aos vinte anos, em quatro dias matou dois vizinhos, além do seu avô tirânico Stasys Petrov e a mulher deste, Elsa Konrad. O avô lituano de Anthony cometeu incesto com a filha Zoe Velt, que, não por acaso, era mãe do psicopata: “Anthony Anderson amordaçou e amarrou Petrov, e o agrediu até a morte com uma marreta. E trancou a porta antes de sair. Mais tarde, contou a alguns conhecidos que o cérebro do homem fazia lembrar feijões cozidos. A quarta vítima foi a esposa de Stasys Petrov, Elsa Konrad. Ela passava roupa na cozinha quando Anderson a atacou e golpeou várias vezes com um machado. Depois, cobriu o corpo com um lençol, roubou numerosos itens da casa – incluindo uma faca retrátil – e, de maneira bizarra, deixou sua gravata no vaso sanitário”. Condenado a penas de várias prisões perpétuas pela Corte de Sheffield, vive hoje trancafiado num hospital psiquiátrico.
O norte-americano Richard Francis Cottingham, filho de um executivo e uma dona de casa, nasceu em 1946. Seu currículo criminoso inclui abusos contra várias adolescentes e cinco terríveis assassinatos. Dois deles realizados simultaneamente, na noite de 29 de novembro de 1979, num hotel de quinta categoria – o da prostituta kuwaitiana de 23 anos Deedeh Goodarzi e de uma adolescente não identificada: “Por toda aquela noite e pelos três dias que se seguiram Cottingham se dedicou a uma orgia de excessos sádicos. Queimou muitas e muitas vezes suas vítimas amarradas e amordaçadas com cigarros, açoitou-as com chicote e mordeu-as inúmeras vezes ao redor dos seios. Depois que, enfim, assassinou ambas as mulheres, Cottingham cortou-lhes as mãos e a cabeça, e as empacotou em sua bagagem. (...) Determinado a não deixar para trás nenhuma pista, Richard despejou fluido de isqueiro sobre a vagina dos dois cadáveres e ateou-lhes fogo. Então, quando as chamas saltaram do colchão e começaram a queimar o carpete, abandonou, muito tranquilo, o quarto”. Cottingham tentou o suicídio por três vezes, mas presume-se que deverá morrer na prisão.
O australiano Paul Charles Denyer tinha 21 anos quando executou, em 1993, três mulheres com requintes de violência extremada. O terceiro deles, numa pista de ciclismo, é estarrecedor: “A estudante universitária de dezessete anos Natalie Russel se dirigia a sua casa às quinze horas, quando Paul veio por trás dela e encostou-lhe a faca no pescoço. Ela se debateu até que ele ameaçou cortar-lhe a garganta. (...) Natalie se pôs a gritar e se esforçou por se erguer, mas ele forçou-a de novo para o solo e armou o laço em volta de seu pescoço. Paul a estrangulou forçando-lhe a cabeça para trás, depois fez uma pequena incisão em sua garganta e ali enfiou os dedos, agarrando suas cordas vocais e torcendo-as. Natalie começou a perder a consciência; o sádico agarrou a faca e quase a decapitou, para então assisti-la morrendo. Não contente, chutou o corpo e fez um corte profundo na face da garota morta”. Desde 1994, Paul cumpre pena modificada de prisão perpétua para trinta anos, em Victoria, podendo, ao fim desse prazo, pedir liberdade condicional.
Uma das mulheres sádicas mais cruéis foi, certamente, Awilda Lopes, cocainômana que vivia em Nova York. Torturou constantemente até assassinar a própria filha Elisa, uma garotinha nascida em 1989: “Traumatizada para além de qualquer medida, Elisa começou a perder o controle dos intestinos, e Awilda a obrigava a comer os próprios excrementos. Quando Elisa urinava nas roupas, Awilda enxugava a urina com os cabelos da garotinha. A sádica também gostava de apagar cigarros no rosto e no corpo da menina. Essas e outras torturas similares se repetiram durante um ano e meio. Alguns dos espancamentos resultaram em ossos quebrados que não receberam cuidados hospitalares, e se curaram parcialmente por si próprios. Mas em novembro de 1995, a mãe cruel foi longe demais, batendo com a cabeça da criança de seis anos contra uma parede de concreto. Elisa perdeu a consciência e permaneceu assim por mais dois dias, com fluido craniano escorrendo de nariz, boca e ouvidos. Seu tormento só terminou com a morte, e a mãe foi acusada de assassinato.” Awilda recebeu uma sentença mínima de quinze anos.
Além dos trechos citados, há numerosos outros casos no livro. Numa vertente diferenciada, aparecem os depoimentos sobre sadomasoquismo consensual, uma modalidade ainda não permitida por lei, mas que tem adeptos ilustres e criativos (o falecido compositor Percy Grainger, considerado um dos melhores pianistas do mundo; o crítico teatral Kenneth Tynan; um dos melhores poetas do pós-guerra da Grã-Bretanha, Philip Larkin e o conhecido cartunista Robert Crumb).
O fato é que, criados em lares violentos, onde há quase sempre a presença do álcool, tais transgressores sociais foram abusados e violentados pelos pais ou outros parentes, ou submetidos a uma disciplina demasiado rígida pelas mães. A vingança pelos maus tratos sofridos é a sua força-motriz para matar lentamente e exercer controle absoluto sobre suas vítimas. As presas, via de regra, se mostram bem mais frágeis que o agressor: mulheres de baixa auto-estima, crianças indefesas e homens de conduta passiva e homossexual. Esta necessidade de poder e dominação, estimulada por uma sexualidade desvirtuada, guia os seus atos abjetos, predatórios e premeditados.


UM MINICONTO DE LUIZ FERNANDO EMEDIATO

O mineiro Luiz Fernando Emediato foi um dos contistas mais atuantes da década de 1970, auge da ditadura militar. Escreveu textos configurados pela rebeldia às torturas, perseguições e assassinatos do regime excessivamente duro que assolava o Brasil, mas que estava espalhado também na América Latina, atacando as situações de frente, à maneira de um guerrilheiro da palavra.
Em 2004, organizada por Luiz Ruffato para a Geração Editorial, apareceu a coletânea de seus textos produzidos nessa época, como resultado de três livros, com o sugestivo título Trevas no paraíso: Histórias de amor e guerra nos anos de chumbo. Escolhemos um miniconto, “No circo”, que se não relata uma situação política direta ou de comportamento pequeno-burguês conservador, chama a atenção para os limites a que um homem pode chegar pela circunstância de estar com fome:

As feras te devorarão no trigésimo oitavo dia após o sinal, e embora não o queiras, caminharás em direção às mandíbulas como o cordeiro do sacrifício.

Aos sábados e domingos divertia o público introduzindo a cabeça na boca do leão. Ao final do número recebia aplausos e presenteava a fera com a necessária carícia no pescoço.
Com o tempo cansou-se da miséria. Mordia os lábios de raiva quando, ao comer no pequeno prato de farinha, via o domador passando com as postas de carne. Para vingar-se, não mais afagou o pescoço da fera. Um dia pisou-lhe com força na cauda.
Ao sábado seguinte apresentou-se no picadeiro com seu uniforme de gala. Ao entrar na jaula não se assustou com o rugido. Foi com desconsolo e resignação que enterrou a cabeça no enorme buraco escuro. Esta noite não haveria aplausos.

A obscuridade dos personagens reflete-se no obscuro do assunto escolhido: a fome feita irmã da morte. O domador que alimenta a fera não sente remorsos pela fome do seu companheiro de circo. O leão, mesmo saciado, precisa ser acariciado para não devorar aqueles que o cercam. Quando o homem pisa na cauda do bicho, assina a própria sentença de morte. O público gosta de aplaudir o homem saindo intacto da boca do leão. Quando falha, resta apenas aceitar a parceria firmada entre público e vencedor, entre o entusiasmo da plateia e a crueldade do leão. Aqueles quem forem buscar comida na jaula farta das feras, ainda mais se insatisfeitos com o pouco ou o nada que lhes cabe, serão premiados com o desaparecimento “no enorme buraco escuro”. Que espelha uma alegoria sutil para a relação dominador/dominado, opressor/oprimido, palavras-clichês largamente usadas no jargão político da época ditatorial, traduzindo circunstancialidades prioritariamente sócio-econômicas. Sem deixar de explicitar também um modo literário competente, surreal e metafórico de apresentar a situação vivida, de expressar o grotesco que pode, em muitos instantes da convivência entre os homens e animais, assumir lugares privilegiados para olhares de primeiro plano.


PARACHOQUES

O cão não esconde o rabo contente
quando fareja de longe o seu dono.


COTIDIANAS

Aspectos da militância crítica – Ao estabelecer parâmetros analíticos e critérios de valoração de obras literárias, a atividade crítica pressupõe, como consequências imediatas, a legitimação de uma obra diante do público ao qual ela é destinada, ou o seu efeito contrário, o apagamento da obra que não se sustenta por si mesma. Assim, num primeiro momento, a conivência, o elogio ou a aprovação gratuita de pares, amigos e admiradores mais próximos do crítico, são fatores de extrema importância nesta ponderação. O esforço e a coesão de grupo podem levar à formação das chamadas igrejinhas, onde só é válido literariamente o que circula e é sumamente aprovado por aquele grupo particular.
Há também o outro caso de grupos de escritores e intelectuais que, sem explicações plausíveis nem argumentos convincentes, intentam negarem-se uns aos outros, ignorando-se drástica ou solenemente, a ostentar um tipo de indiferença que se estende com freqüência às obras que porventura estejam fazendo. E essa indiferença, com seu pendor falseado e sua inclinação calculista e refratária, quando nitidamente presente nas relações interpessoais, esconde insidiosamente amesquinhados rancores, azedume e inveja.
Com uma intensidade considerável, não destituída de implicações de ordens diversas, um crítico pode vir a ser espinafrado quando suas opiniões e argumentos nem sempre coincidirem com as pretensões malfadadas daqueles autores ou pseudo-autores que deveriam ao menos estar aparelhados com o necessário senso de autocrítica para repensar os mecanismos estéticos que perfazem a qualidade e a diferenciação de um texto literário. Deste modo, apontar e condenar possíveis fragilidades de uma obra, a partir da análise objetiva e do julgamento lúcido e isento, pode transformar-se num gesto de heroísmo e num ato de coragem.
Críticas desfavoráveis, em tais circunstâncias, tendem a tomar feições judiciais, através do confronto físico ou oral, havendo casos de autores que passam mal, devendo ser socorridos rapidamente em situações de hipertensão ou insuficiência cardíaca. Há ainda os que prometem braçadas e tiros aos quatro ventos, o que revela despreparo psíquico e falta de coerência política no trato com a manifestação pública de opiniões divergentes, que devem estar desvinculadas de ataques pessoais.


RELEITURAS

Marginal Recife: coletânea poética 1 – Org. Cida pedrosa, Miró e Valmir Jordão. Os dez poetas presentes nesta microantologia lançada pela Prefeitura do Recife em 2002, refletem uma certa maneira irreverente, enviesada e a contrapelo de tratar a poesia e encarar a vida. A sua performance poética inicia-se nos anos 1980, passa pelos 90 e aporta nos nossos dias. Alguns deles tiveram vivências assemelhadas de grupo, e são exemplos disto Cida Pedrosa, Francisco Espinhara (falecido recentemente) e Jorge Lopes. No entanto, apenas de passagem e de leve a poesia de um produz na de outro interferências estéticas diretas, que levem a influências visíveis e significantes. A não ser pela recorrência de tom e de troca de experiências características do contato mais aproximado, ao tempo do movimento independente, estes poetas guardam a individualidade que lhes é devida, hoje praticamente indispensável e estigma da contemporaneidade.
No poema “A festa”, Cida Pedrosa não abre mão de uma espécie de ludismo inseparável da vida presente, arraigado ao instante que passa, mesmo quando plasmado pela oscilação de dor e alegria: “hoje é dia de festa/ mesmo que a morte ronde/ diga poemas de augusto/ e comemore a vida”. Jorge Lopes é aquele que não renega os ensinamentos que absorveu da poesia de Ferreira Gullar, como neste trecho de “Canção”: “não basta a lógica/ porque tudo muda/ a todo instante/ e o amor é uma coisa tão comum”. Dividido entre Augusto dos Anjos e Carlos Pena Filho, em “Fantoches” Francisco Espinhara compôs versos que se impõem pela virulência e radicalidade de seu lirismo pungente: “Os poetas esquecidos do beco/ Transam sangue a trago seco/ Dormem como trapos sobre o chão.// Recife, musa, maldição/ Cadela suja, traiçoeira/ Seta certeira/ Cidade encantada do cão”.
Poeta cearense radicado no Recife, Wilson Vieira exprime sua empatia pela cidade nos versos de “Loba de uma teta só” que, ao mesmo tempo em que intentam excluir o Rio e São Paulo, elegem poeticamente a “cidade cruel” a par de um desejo singelo e passadista: “São Paulo é irrelevante;/ O Rio não me excita./ É para Recife que amaria/ compor uma ode bonita”. Em outra vertente subterrânea e solitária, a poesia de Erickson Luna (já falecido) desconcerta o leitor a cada instante, tanto pelas subversões gramaticais que pratica, quanto pela estranheza de uma fala que, além de privilegiar a diferença e a aniquilação do senso comum, mistura natureza e espaço urbano, como em “Canto de amor e lama”: “Choveu/ e há lama em Santo Amaro/ nas ruas/ nas casas/ vós contornais/ eu não/ a mim a lama não suja/ em mim há lama não suja/ eu sou a lama das chuvas/ que caem em Santo Amaro// Vosso Scotch/ pode me sujar por dentro/ cachaça não/ vosso perfume/ pode me sujar por fora/ suor nunca/ porque sou suor/ a cachaça e a lama/ das chuvas que caem/ em Santo Amaro das Salinas”.
De Valmir Jordão, um poema sintonizado com a virada do século intensifica-se num humor raro e salutar. “De peixes in aquário” pode funcionar como toque astral, alerta político ou gozação descarada do outro: “Transição de Milenium,/ Onde as diferenças são/ Iguais/ E todas as distâncias/ Vizinhas./ A solução não é só líquida;/ Fique peixe,/ Que a era é de AQUÁRIO”. Também França (morto há pouco) canta o novo milênio, confirmando a violência urbana desenfreada e a configuração de um planeta parcialmente (ainda) em guerra: “Meia-noite/ Brasil do ano dois mil/ Explode em artifícios/ Camufla o novo holocausto/ Sacrifica ao deus-bezerro/ E à força das gravidades/ Muito sangue há de correr”.
Malungo, Lara e Miró, como bem observou o saudoso poeta Alberto da Cunha Melo na apresentação do livro, não se limitam aos poemas curtos. Assim, impregnado de mangue e cultura popular, Malungo logra semear uma “Obra versificada não identificada” que carrega a intencionalidade de uma iconoclastia circulantemente dispersiva e afrociberdélica: “Ao som de um hino evangélico,/ Surge um boi mameluco; boi de fita./ Um boi maluco, psicodélico; que rumina/ Saudades e defeca solidão./ Xabu nos computadores e o mofo deu nos cd’s./ Deu o zererê, cachorro em 90: bundalelê.// ... E o artista continuou discriminado e jogado a boléu”.
Um poema de Miró empresta seu título à coletânea. Nele, é descarnada a condição do poeta pobre e suburbano, espremido entre o total anonimato e a necessidade imperiosa e urgente de conseguir algo elementar como passe ou dinheiro para o ônibus de volta para casa, sem perder o bom-humor nem a capacidade de rir de si mesmo: “Recife/ Cidade das pontes/ E das fontes de miséria/ Poetas mendigando passes/ Pra voltar pra casa/ E sua poesia passando despercebida/ Aliás,/ Nem passa”.
A pobreza tem sido uma constante na maioria dos poetas de todos os tempos e lugares, assim como sua conhecida aversão ao dinheiro. Na década de 1970, o poeta carioca Chacal tematizou essa pindaíba num livreto mimeografado intitulado Preço da passagem. De lá para cá, a situação não parece ter mudado muito para os poetas que se recusaram ou se recusam, libertária e saudavelmente, a enquadrar-se no mundo banalizado, repetitivo e massacrante da produção e do trabalho. Numa palavra, o preço que pode vir a tornar-se insistentemente ausente e suprimido do bolso do poeta, ao invés de pago sem favores nem constrangimentos, enseja-se, obviamente, como o preço da passagem.

(In: Suplemento Cultural (CEPE), ano XVIII, set. 2003, p. 12. Publicado sob o título “Poesia marginal do Recife”; aqui, com pequenas alterações.)


LIÇÕES TRIBAIS

Nem sempre se deve
ao pé da letra seguir
os ensinamentos da tribo
pois a ordem das coisas
à aparência imutáveis
pode mudar repentina

e o que era anverso
passar a ser verso
ou reverso
e vice-versa
chegar ao inverso
o que assim controverso –

o desconcerto do mundo
com seus dúbios reflexos
poder dar dimensão
inesperada ao verso.

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