terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Notas Cotidianas e Literárias XLI

DA GENIALIDADE ROMÂNTICA


Entre os românticos o gênio
ardente se manifestava
na afirmação da poesia
em coletiva irmandade

e não eram ironias diretas
à distorcida eloquência
ou arremedos discretos
da elegância tacanha

que provocavam às vezes
inclinações desviantes
do borbulhar tresloucado
em malfadados rompantes.

O que o gênio espantava
eram contendas vulgares
e um apego vão e avaro
do que não fosse poesia

(mesmo na solidão se aliava
à causa da gente oprimida
na busca de liberdade e alegria

e nas lutas do povo escolhia
as armas do verbo inflamado
e o discurso da palavra incendida).

O gênio que assim se prezava
preferia a vida boêmia
amava o obscuro da noite

mas não tolerava tiranias
e nem aprovava o açoite
dos indefesos e fracos

e suas brigas raras se davam
no meio dos que o conheciam
somente em favor da poesia.

(Inédito, 2010)

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