OS AMANTES DESCOBREM SEU ÓCIO
OS AMANTES DESCOBREM SEU ÓCIO
Os amantes descobrem seu ócio
entre orgasmo, prazer, alegria.
Só muitos poetas não vemos
descobrir neste tempo a poesia.
A VOZ LUNAR
A voz lunar que desperta
a compulsão dos desejos.
E a um olhar mais ousado
a boca que avidamente soletra
o arfar delirante da carne,
as delícias comuns de um beijo.
DOIS MOMENTOS DA MESMA NUDEZ
1.
Tua nudez
quando
refletida em si mesma
navega:
Uma luz permeada
com rumor na paisagem
que cega.
2.
Sopro de vida enterrada
nessa sequência de lápides
tua nudez solitária
feito um arquivo de nadas.
MANHÃ
Estendo a ti meu silêncio
nessa manhã que desperta.
Revelas a mim tua crescente
nudez acesa, agreste.
A SESTA
Fantasias eróticas alternam-se
entre o tédio e a abundância
quais labirintos vorazes acesos
de sensualidade e apetência
ou etéreas visões e desejos
da carne em afrodisíaca dormência.
O VIAJAR INCANSÁVEL
O viajar incansável
pelo teu rosto e cabelos.
A perfeição de teu corpo
inviolado, sem máscaras
o teu perfume insondável
e eriçados teus pelos.
Tuas coxas que giram em arco
Bipartido
palpável
não-lapso.
Tuas formas, desvelo, entremeios
quando estás concentrada nas águas
e após este teu banho-volúpia
quando és tão somente tu mesma –
Triangular
absorta
bivalve
e entrevista em janeiro –
ó visão merecida
ó mirada selvagem
ó visagem dos deuses –
Maravilha de te ter por inteiro.
POEMA (DESVENDADO O MISTÉRIO)
Desvendado o mistério
esvoaçantes teus olhos
a florescer no espaço
no desenlace da tarde:
Abelha rútila
a sugar
o mel dos lábios.
Amante súbita
a singrar
o fel das perdas.
SONETO DESMEMBRADO DA FORMA DE ORIGEM
Há um constante fluir no vazio
cotidiano e presente,
um estio
de verão que só a custo elabora
sua própria paisagem.
Dessa forma,
sob o sol lágrimas já não se retêm
do horizonte,
e pelo mar mais além
não há condensação nem vapor.
Nesta tarde
ouve-se apenas o som sem alarde
das brisas
a espalhar seu rumor pelas ondas
na praia
enquanto nossas vidas se redimem sem pressa
no cristal de um abraço
ansiado
e o nosso amor então se desdobra
na ardência de um beijo
desde sempre esperado
e o desejo enfim se consuma
no esplendor de dois corpos
em impulsão e orgasmo.
GESTUAL
Voo em ti
volúpia jasmim
loucura sem fim
sedimentada
nestes teus olhos
de bela infante
multiplicada
neste teu corpo
de nave vagante
reunida às estrelas
antecedida à contemplação.
2
Canto para ti
me envolvo de ti
nestes cubos cinzentos
pelas ruas compactas
nestas ondas maciças
de embalos selvagens
neste mar impulsivo
que revolve tuas águas
3
As longas coxas morenas
descuidadas repousam
no espaço da cama
entre úmidos lençóis
desfolhados orgasmos
a saliva de bocas
os suores e abraços
Ácido o vento
gema e alento
clara e evento
manha odor movimento
Ponte pênsil
pênis duro
peso denso
os peitos expostos
nos descobertos mamilos
os pentelhos içados
e o esperma intenso
que freme que jorra e que vibra
na caverna no bosque a safira
na umidade crispada do sexo
penetrado há bem pouco tempo.
E agora o sinal dessa mão que elabora
os acontecimentos ardentes:
o elastecimento da carne
a tenacidade do nervo
que endurece
novamente.
UMA NOITE NÃO É O BASTANTE
Para que nos amemos sem tréguas
devemos nos conceder sem demora
do tempo que ainda nos resta
todas as noites, segundos e horas.
(Poemas inéditos)
Luiz Carlos, parabéns pelo blog e pelos poemas. Gostei muito do que li, em especial "DOIS MOMENTOS DA MESMA NUDEZ".
ResponderExcluirUm abraço
Márcia