OS MARGINAIS
1
O negócio suspeito
no refúgio do beco
pela rua escondido
onde está a saída
dessa boca de fumo
onde um bar se pergunta
o que foge do medo
enlaçado no enredo
entre trama e recuo
indo e vindo ligeiro
se livrando do cúmplice
implicado futuro
caso haja revista
caso chegue a polícia
de plantão no subúrbio.
2
Eu agora estou preso
e me sinto perdido
nesse trampo do tráfico
tudo leva ao crime
minha mãe vai me ver
na TV com algemas
não tomei seu conselho
vou pagar minha pena
nesta hora maldita
é preciso ser prático
não adianta cinismo
de quem foi grampeado
meus comparsas esperam
a cobrar o indevido
pelo pátio e nas celas
qualquer um traz perigo
a direção e outros presos
que no aperto transitam
os chaveiros e agentes
monitorando os motins
dia e noite atentos
a vigiar nós bandidos.
3
O privilégio de poucos
é a desgraça de muitos
os inimigos lá soltos
com estiletes e chuchos
tudo é moeda de troca
desde a cachaça ao fumo
há sempre um golpe rasteiro
de violência profunda
não facilita a cadeia
a traição e os abusos
a influência o dinheiro
é que implode esse mundo.
(Inédito, 2010)
quinta-feira, 24 de março de 2011
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Leitura de primeira, como sempre, Luiz Carlos. E este poema, este poema. Só pela originalidade do tema (coisa difícil), já valeria o aplauso. A forma, fiel porta-voz do conteúdo, também me encantou.
ResponderExcluirAbraço