quarta-feira, 23 de março de 2011

Notas Cotidianas e Literárias LXVII


UM POEMA DE SÔNIA BARROS

Sônia Barros, poetisa paulista nascida em 1968, tem vários títulos infanto-juvenis publicados, inclusive de poemas nessa categoria. Sua estreia em poesia, para um púibico mais ampliado, se deu em 2007 com Mezzo voo, pela Nankin Editorial, de São Paulo. O poema "Sonho de mezzo poeta" é o último do livro, e explicita o desempenho de quem já escrevia anteriormente, e, dado positivo, não satisfeita com o dito e o escrito, persegue um mais "alto  voo". Dona de uma escrita delicada, de canto e tessitura que primam pelo sensível e o inteligível, pela voz e mãos em busca da dicção de "perfeita urdidura". Contudo, para alívio de seus leitores anuncia que, além do "pouco" que sugere ter conseguido, continuará a tecer em palavras e a cantar em soprano os seus voos metapoéticos possíveis. Inaugurou  há pouco um blog de literatura, cujo endereço é: (http://www.escritorasoniabarros.blogspot.com). Confira-se o poema:

Quando canto
                     teço um manto,
quase o mesmo manto
                     feito por minhas mãos
quando escrevo:
                     balé de finas cordas
à (vã) procura
                     da perfeita urdidura.
Quando canto
sinto o tênue limite,
a linha fina que limita e denomina esta meia-voz:
mezzo soprano.

Quando escrevo almejo o alto voo
da voz que exercito,
                               insisto,
incito a rsepirar, tecer, bailar, cantar sempre
                               através da alta máscara.
Quero o mais fino manto
por minhas mãos urdido,
como se fora um canto
                                           de soprano.

(quando acordo,
o que consigo não passa de roupa rota
de mendigo)

Um comentário:

  1. Caro Luiz,
    fico muito feliz por merecer um espaço em seu blog! Obrigada, de coração.
    Parabéns pelo seu precioso trabalho.
    Um abraço!

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