sábado, 4 de junho de 2011

Notas Cotidianas e Literárias XCII

UM POEMA DE ANTÓNIO PATRÍCIO
(PORTO, 1878 - MACAU, 1930)



PARA ALÉM


É para além de tudo o que alcançamos
que se adivinha enfim esse horizonte,
onde dormem os sonhos que beijamos
e a nossa sede tem a única fonte.

Há para além do céu ainda mais céu
se houver ânsia no olhar que o reflectir:
o céu mais vago e fundo é só um véu
que a alma rasga p'ra poder seguir...

É para além do amor que me adormece
nesta loucura doce de te olhar
que o coração pressente o que é amar.

Além da vida há vida, além é o norte:
e quando mortos, ainda a nossa prece
levantará as mãos além da morte...

In: Patrício, António. Serão inquieto e poemas reunidos. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2000.

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